Teoria de Classe e História


 




Teoria de Classe e História
Capitalismo e Comunismo na URSS


Stephen RESNICK e Richard WOLFF


Este livro é apresentado de uma forma ambiciosa: «A primeira análise científica do desaparecimento da URSS». Os autores são professores de Economia da Universidade de Massachusetts e apresentam aqui o que surge como o resultado de dez anos de investigação. A tese do livro é a de que «nunca foi construído na URSS um verdadeiro sistema comunista, mas antes uma forma de capitalismo de Estado». O livro faz no seu início uma abordagem teórica dos conceitos teóricos que estiveram na base do comunismo soviético.

in «Mil Folhas» (Público) em 1/5/2004, em 5-5-2004

Editora: Campo da Comunicação
1ª Edição de 2004
Páginas: 424
Peso: 620 gr.
Formato: 15x22 cm
ISBN: 9728610211

1 comentário:

Anónimo disse...

Apenas alguns comentários avulsos depois de uma longa e demorada leitura (o livro é chato e comprido... e não é defeito de tradução) do livro de Resnick & Wolff Ltd...
Desde logo, o título é enganador... Escolástica... O que disse A, B ou C, em vez do que sucedeu ou deixou de suceder na URSS
Depois a obsessão (dicotómica) pela originalidade da sua própria interpretação, embora estejam sempre a falar de sobredeterminação das diversas causas e efeitos...
Em seguida, a ênfase obsessiva naquilo que chamam de “trabalho excedentário”e que referem como constituindo uma “Classe”, acusando os outros analistas de miopia por não verem essa “classe do trabalho excedentário”. Deviam ser todos uns ceguinhos... (Páginas 368 e seguintes).
Lembram-se daquela anedota de chacota dos Anos 70 em Portugal? "Qual é a diferença entre comunismo e capitalismo? resposta: O Capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O Comunismo é o contrário". Foi o que me fez lembrar a leitura deste livro...
Há também a permanente distinção entre trabalho produtivo e trabalho improdutivo... Sem clarificar o que é o quê...
Embora a questão seja pertinente e relevante para as "teses" dos senhores.
Há ainda a confusão sistemática entre “Classe” e “posicionamento de classe”, o que leva a que se analise a família como uma entidade onde também se verificam “lutas de classe”...
Depois vem a tese "MUITO profunda" de que há contraposição (ERRADA, claro...) entre distribuição de poder e apropriação de aproveitamento do excedente...
Cá para mim, o Resnick & Wolff Ltd deviam era ser condenados a lerem o seu próprio livro... (ver página 171)
Por exemplo, a menos que se demonstre que foram os bisnetos (familiares, descendentes mesmo...) dos derrubados senhores de 1917 quem se veio a apoderar de novo da ex-URSS... O chorrilho de asneiras da página 195 só se explica pelo desconhecimento grosseiro do que é o comportamento social emergente (em burocracia, por exemplo...)
E como não pode deixar de ser, "Os bolcheviques fizeram “aquilo” (sem se aperceber da luta de classes) porque ainda não tinham lido o livro de Resnick & Wolff (pág.204)
Ainda por esemplo, a permanente confusão entre FORMA (hierarquias de gestão, por exemplo) e CONTEÚDO substantivo (a quem beneficia a gestão...)
Por exemplo, Resnick & Wolff queriam era que em 1917 se tivesse passado do “Capitalismo Privado” para o “Comunismo” (tal como eles o definem) em vez de se ter passado para o “Capitalismo de Estado” (também tal como eles o definem. Que chatice que não foi assim...
Tudo porque se manteve a forma de organização dos processos industriais de classe (whatever that means... O livro prima pela ausencia elementar de definição de conceitos) Ver página 209...
No que diz respeito à apropriação dos excedentes, pela lógica exposta por Resnick & Wolff Ltd, os membros dos conselhos de ministros da URSS deveriam ter acumulado fortunas colossais ao longo de décadas... (ver página 213...). Mas vá lá, eram considerados mais como um déspota esclarecido (ainda que de caracter colectivo) do que propriamente uma classe... E no entanto passam o livro a chamar-lhes "classe do execedente" (uma interessante originalidade teórica, segundo eles mesmos...).
Por outro lado, pela leitura dos primeiros paragrafos de “Uma análise de classe e de valor...” (página 215) fica-se com a ingrata sensação que o srs. Resnick e Wolff Ltd confundem “estruturas de classe comunistas” com “vulgares manifestações de anarquismo mais ou menos populista”.
Quando chega a crítica do Sistema Arenda é a confusão total... Os srs. Resnick & Wolff Ltd, acusam os “socialistas radicais” de fazerem confusão entre gestão e classe só porque aqueles não referem a ideia de classe deles (dos srs. Resnick & Wolff Ltd, que aliás ainda nem tinham nascido...). O conceito de eficiencia é tido como tomado de empréstimo e “ocidentalizante”. Páginas 366/367.
Insistindo de forma recorrente à referência obstrusa à questão das relações de género... E da exploração da mulher por parte do marido...
Quanto às causas da IMPLOSÃO DA URSS, temos que nos contentar com as banalidades já conhecidas. Em particular a pressão continuada sobre as industrias pesadas e o armamento, a secundarização das industrias de bens de consumo e a diabolização da ideia de mercado.
Mas se não acreditam... Não hesitem comprem o livro e leiam... Mas atenção aquilo dá para adormecer.
Cordiais saudações,

Guilherme Statter